sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

EUA presente perto da Síria

Estados Unidos intensificam presença militar perto da Síria - Portal Vermelho

A chegada do porta-aviões estadunidense Dwight D. Eisenhower frente às costas da Síria acentua ainda mais o perigo de uma intervenção militar contra este país. A isso se soma a recente decisão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de instalar mísseis Patriot na fronteira turco-síria, sob o pretexto de usá-los como elemento de dissuasão diante de um eventual ataque de Damasco a seu vizinho do norte.

Carlos Manescy e Horácio Schneider são reeleitos reitor e vice-reitor da UFPA






Carlos Maneschy e Horácio Schneider foram reeleitos reitor e vice-reitor da Universidade Federal do Pará, respectivamente, para o quadriênio 2013-2017. A chapa Para Fazer Ainda Melhoracumulou 32,95 pontos, de um total de 6.440 votos, sendo 1.167 de docentes, 1.124 de técnico-administrativos, 3.506 de alunos de graduação e pós-graduação da UFPA.
Do total de eleitores que foram às urnas nesta quarta-feira, 5, em torno de 50% eram docentes e técnico-administrativos e 8,12%, estudantes. Apenas 5,42% votaram em branco e 4,75% votaram nulo. Na última eleição, em dezembro de 2008, quando houve intensa disputa entre quatro chapas, os números ficaram em torno de 70% de técnico-administrativos e professores e em torno de 22% dos alunos. Agora, os únicos candidatos entraram no pleito eleitos, mesmo que obtivessem apenas um voto.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

MUFPA promove a Exposição Traços Locais


O Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA) inaugurou a segunda edição de Traços Locais. A mostra, que acontece anualmente, irá até o dia 21 de setembro e tem como objetivo estimular a divulgação da produção local pela doação de obras de arte contemporânea para compor o acervo do MUFPA. Nesta edição, os artistas convidados foram Alexandre Sequeira e Armando Queiroz, cujas fotografias e instalações serão doadas para o Museu

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A filosofia da práxis segundo Adolfo Sánchez Vázquez

Adolfo Sánchez Vázquez é um filósofo prolífico que refinou suas argumentações ao longo de muitos anos. Fiel a sua convicção libertária, elevou constantemente sua voz de protesto porque, disse: “o importante é como se está na terra”. Em 1961, apresentou como tese de doutorado, a qual considera sua obra maior, Filosofia da práxis. Desde então, uma de suas ambições tem sido que se supere “o dogmatismo e a esclerose que durante longos anos havia suavizado o viés crítico e revolucionário do marxismo” (1985: 11). Editou a Filosofia da práxis em 1967; depois de numerosas reimpressões, tal “fio crítico” o obrigou a eliminar na reedição (1980) colocações que já não compartilhava sobre a essência e a alienação humanas para adentrar nas propostas filosóficas e econômicas do jovem Marx. E este processo de revisão não termina até a última edição em 2003, na qual refaz e precisa a absolutização do proletariado como a classe majoritária que dominará a terra e protagonizará a derrota do capitalismo, assim como sua ojeriza pela palavra “utopia”, herdada dos ataques que este mesmo filósofo alemão escreveu contra os chamados socialistas utópicos, e, por último, deixa para trás sua antiga paixão concordante com as reminiscências positivistas do Marx aficionado com a palavra “ciência” (e seu método nomológico-dedutivo, ou segundo quantitativas leis probabilísticas), que ao longo dos séculos XIX e parte do XX concebeu-se como a possuidora da Verdade absoluta, no lugar da religião...

Texto de María Rosa Palazón Mayoral disponível para download: clique aqui.

Sociologia no Ensino Médio: dois pontos de vista

Olá pessoas!
Compartilho um material que nos ajude a pensar a prática de ensino da Sociologia no ensino médio, a licenciatura em Ciências Sociais e demais questionamentos e crises que temos ao discutir essa temática.
Boa leitura.

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SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO:
Entrevistas com Márcio da Costa e Santo Conterato
Junho de 2009

Em junho de 2008, o Presidente da República em exercício sancionou a lei que torna obrigatória a inclusão das disciplinas de Sociologia e Filosofia em todas as instituições de Ensino Médio do país. Essa novidade levanta muitos pontos para discussão e análise. Um deles é sobre o impacto dessa lei na demanda por profissionais da área. E sem dúvida alguma o próprio sentido da Sociologia como disciplina precisa ser posto em relevo. A Revista Habitus traz duas entrevistas com diferentes pontos de vista sobre o assunto. Cada entrevistado respondeu a três questões, sendo duas delas comuns a ambos e uma terceira específica para cada um. Falaram conosco Márcio da Costa, professor associado da UFRJ, com experiência na área de educação, ênfase em sociologia da educação, política educacional, teoria sociológica, avaliação de impacto de políticas públicas e avaliação educacional; e Santo Conterato, diretor administrativo da Associação Profissional dos Sociólogos do Estado do Rio de Janeiro e organizador do livro “A profissão do sociólogo e a sociologia no Ensino Médio” (Rio de Janeiro: APSERJ, 2006). As entrevistas foram realizadas por Juliana Marques da Silva e Márcia Regina Castro Barroso, estudantes de graduação em Ciências Sociais na UFRJ.

Revista Habitus: A importância do ensino da sociologia no ensino médio não é um consenso. Seu reconhecimento está, em grande parte, apoiado na concepção de que ele pode auxiliar na formação de valores relacionados à cidadania do modelo democrático liberal no qual estamos inseridos. O que o senhor pensa a respeito?


Márcio da Costa: Minha posição pode ser antipática diante de meus colegas sociólogos. A própria pergunta já permite antever o caráter doutrinário que os defensores da disciplina sociologia no ensino médio pretendem lhe atribuir. A sociologia não é uma disciplina normativa, como os conscientizadores pretendem configura-la. Valores são objeto da sociologia. É claro que, como ciência, filha do iluminismo, ela guarda afinidades com elementos característicos da modernidade, mas está longe de ser um bom recurso para ensinar valores de tal ou qual tipo. Aliás, sou fortemente cético quanto à possibilidade de disciplinarização de valores. Na história da educação, são fartos os exemplos de tentativas de usar disciplinas escolares como veículo de moralização compulsória. A sociologia para valer não se presta ao proselitismo político, ao discurso moralizador, mesmo que travestido de feições supostamente liberais ou afinadas com retóricas pró direitos e liberdades. A ditadura militar, no Brasil, tentou ordenar todo o currículo nacional a partir de um eixo moralizante constituído pelas disciplinas Educação Moral e Cívica , Organização Social e Política do Brasil e Estudo de Problemas Brasileiros, respectivamente no nível fundamental, médio e superior. Foi um fiasco.

Ao final da ditadura, autores de esquerda, imbuídos da rationale gramsciana, resolveram “aproveitar as brechas” – para preservar a retórica dessa corrente – e cometeram aberrações como, por exemplo, livros de OSPB. Boa parte de nossos livros didáticos de história ou geografia são manuais doutrinários que, ao se pretenderem “contra-hegemônicos”, são apenas a outra face dos manuais da ditadura, esses eivados do ultra-nacionalismo do Brasil Grande, Brasil Potência. É como se substituíssemos as decorebas de datas, fatos, heróis, devidamente filtrados pelos guardiões conservadores da verdade oficial, por tratamentos autodenominados críticos, mas que, no fundo, eram igualmente doutrinários, recheados de denúncias, sem apreço pelo teste das evidências, pouco afeitos ao verdadeiro debate, à apresentação de versões diversas, a aquilo que parece mais próximo da possível versão escolar de uma formação de base científica.

Temo que a defesa da sociologia como disciplina escolar seja apenas sucedânea desse afã conscientizador, nefasto e ineficaz. Nefasto porque empobrece a já tão precária formação de nosso alunado. Ineficaz porque se baseia em esperança naquilo que chamamos de “socialização perfeita”. O sonho dürkheimiano para a educação, que supõe alunos passivamente absorvendo conteúdos e valores transmitidos por seus mestres. Felizmente, parece que isso não funciona muito bem.

No fim das contas, a sociologia será apenas mais uma, entre as 12 ou 13 disciplinas, todas com conteúdos ultra-especializados, apreendidos e ministrados com incrível precariedade pelo sistema escolar submetido à expectativa de apreensão de uma overdose de conhecimentos de qualidade e utilidade, no mínimo duvidosos. As fantásticas “batatas” extraídas das redações de vestibulares ou de coletâneas de provas de professores, são uma das demonstrações dessa sopa de entulho mal digerida.

Penso a introdução da sociologia como disciplina obrigatória como resultante, esquematicamente, de três vetores: 1) a ignorância sobre o que é a sociologia e conseqüente esperança de que ela cumpra papel “civilizatório”, uma espécie de manual de boas maneiras cívicas; 2) a aparentemente libertária vertente gramsciana, que pretende fazer da sociologia mais um espaço institucional de propaganda e proselitismo político e; 3) a busca de criação de uma reserva de mercado para licenciados em ciências sociais, um curso superior relativamente fácil de entrar, igualmente fácil de sair, mas com forte imprecisão quanto aos destinos profissionais de seus egressos.

Santo Conterato: No meu entendimento, e com base na experiência do trabalho pela inclusão da Sociologia nos parâmetros curriculares do ensino médio, o questionamento com relação à presença da disciplina na grade curricular não se referia propriamente à importância do ensino da Sociologia e sim, em primeiro lugar, a mais uma disciplina na grade. A programação das secretarias prontinha, com as disciplinas tradicionais arrumadinhas, com seu espaço definido, não comportava, na comodidade dos burocratas, mais uma disciplina que implicava na modificação do esquema já montado. Em segundo lugar, a reação de donos de estabelecimentos privados de ensino que afirmam que, com mais uma disciplina, há necessidade de mais docentes, onerando seus cofres, E, finalmente, a inércia dos acadêmicos lotados nos departamentos das IFES preocupados com as bolsas fornecidas pelo MEC, entendiam que a introdução da sociologia no ensino médio não lhes traria ganho nenhum.

O reconhecimento, com certeza, tem a ver com a força das argumentações sobre a importância da sociologia, não tanto como simples auxiliar na formação de valores cívicos, mas, e principalmente, que podia oferecer ao estudante novos modos de pensar ou construção e desconstrução de modos de pensar. Ou seja, a proposta do pensamento sociológico é o de realizar a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais. E, assim, contribuir para um ensino de melhor qualidade.

Revista Habitus: O conteúdo da disciplina não será mais ministrado de uma forma transversal. Precisará, portanto, de um formato específico. Quais os desafios do curso de licenciatura, na sala de aula e dentro da Universidade, na sua relação com o bacharelado?

Márcio da Costa: Não será fácil ensinar sociologia de verdade, uma invenção do final do século XIX, que pressupõe uma longa trajetória intelectual percorrida pela humanidade, que incorpora complexos debates herdados da filosofia e da economia e que ao tentar compreender a novidade do mundo moderno apresenta vertentes cujas características não são de apreensão trivial. Preferiria que nossos alunos estivessem expostos a mais história, filosofia e literatura. Conhecer mais as seqüências dos acontecimentos relevantes do passado, traços de culturas e civilizações diversas, a história do pensamento, ajudaria na compreensão das reflexões que a sociologia desenvolve a partir do século XIX.

Como já disse, temo que a sociologia como disciplina escolar seja um pastiche doutrinário, pretensamente revolucionário, e/ou algo que não consegue fazer sentido pois os estudantes não dispõem de um ferramental básico anterior. Abordar a sociologia com recortes temáticos como fato social, contato social, interação, classes sociais, estratificação social, movimentos sociais, instituições, cultura, globalização, pós-modernidade, minorias, nacionalismo, localismo, mudanças tecnológicas, desenvolvimento ou democracia me parece uma tentação a tratamentos normativos. Partidas entre fenômenos sociais a que se dedicam, as teorias sociológicas tendem a ficar irreconhecíveis. Por outro lado, a apresentação das teorias sociológicas clássicas de forma mais íntegra, abrindo terreno para suas descendentes contemporâneas, provavelmente é algo distante das possibilidades no nível médio, maçante e complicado, especialmente considerando a overdose de conteúdos a que os alunos já são submetidos.

Felizmente, não me dedico a tratar profissionalmente do ensino de sociologia nesse nível, pois não consigo enxergar qualquer saída realmente boa. Sem maior reflexão sobre o tema, acho que optaria por fazer alguma coisa como uma história do pensamento social no século XIX, contextualizando as polêmicas e preocupações da época, abrindo margem para a apresentação esquemática das matrizes fundantes do pensamento sociológico, trazendo a atualização para o desenvolvimento dos problemas contemporâneos, a partir dos modelos clássicos e suas derivações. Não creio que seria possível faze-lo satisfatoriamente no tempo previsto. A redundância com a história e a filosofia me parece inevitável.

Santo Conterato: Entendo que há três questões aqui: a relação licenciatura/bacharelado, a licenciatura na Universidade e a relação licenciatura/sala de aula enfrentada pelo licenciado. Nós sempre defendemos que o estudante que cursa a licenciatura deve ter a fundamentação fornecida pelo bacharelado. Do contrário, continuará acontecendo o que imperou na pedagogia tradicional do ensino em nossas escolas em que se deu a predominância ao método em detrimento do conteúdo. E assim, qualquer professor pode lecionar qualquer disciplina, com está acontecendo ainda hoje, em algumas escolas, com o ensino da sociologia, por exemplo. É imperioso que o licenciado, antes de aprender as técnicas, os métodos, saiba manejar os conteúdos da disciplina. É o óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues. Ou seja, antes de saber como ensinar o profissional deve saber o que ensinar.

A licenciatura na Universidade está enfrentando um desafio cada vez mais difícil de vencer. Quem procura a licenciatura? Quem ministra os conteúdos do ementário da licenciatura? E como são ministrados esses conteúdos: métodos e técnicas de ensino? Todos os que procuram a licenciatura, a procuram baseados num projeto de futuro profissional, ou por falta de perspectiva de alternativas futuras de trabalho? Os mestres encarregados de orientar os licenciandos o fazem programadamente ou para mero cumprimento de obrigação? E as orientações são baseadas a partir do real que o profissional encontrará ou dentro de um esquema tradicional acadêmico distanciado da realidade da escola de ensino básico? No meu modo de pensar esses desafios são cruciais, em especial para os mestres orientadores.

A relação licenciatura/sala de aula enfrentada pelo licenciado (questão que deve estar cresente aos orientadores das licenciaturas), no meu entendimento, é dramática: a alunada já vem para a escola com problemas familiares, problemas pessoais de adolescente, encontra as salas de aula mal arrumadas, a própria escola quase caindo por falta de conservação. O professor de sociologia (sempre mal pago) tenta preparar uma aula partindo de textos mais complexos para os mais simples. Será que a transposição para uma linguagem acessível não corre o perigo de perder o rigor científico? E a cabeça cheia de problemas da garotada tem condições de assimilar conteúdos sociológicos que exigem um mínimo de raciocínio lógico? Todas estas questões devem ser consideradas quando pensamos na possibilidade da eficácia do ensino da Sociologia na escola fundamental e no preparo dos futuros mestres.

Revista Habitus: Márcio da Costa, o senhor se posiciona contra a inclusão da Sociologia no Ensino Médio. Quais os aspectos negativos dessa política?

Márcio da Costa: Há, em primeiro lugar, um elemento raramente tratado nessa polêmica: a forma nada adequada com que a sociologia entra nos currículos. Não é razoável remeter ao Congresso Nacional a decisão sobre currículos escolares. Há fóruns bem mais adequados para tratamento dessa questão. Creio que um dos aspectos negativos dessa política é o próprio acolhimento da demanda pelo Congresso, alargando o caminho para que questões dessa ordem passem a se tornar temas de decisão legislativa.

Por outro lado, tomada a partir da ótica particularista de interesses corporativos e de intenções políticas apartadas dos mais graves problemas educacionais, essa decisão agrava o caráter enciclopédico dos currículos no Brasil. Vai na contramão do que deveríamos estar fazendo em nosso ensino básico: reduzindo a grande carga de conteúdos que é comportada por uma pequeníssima parcela do alunado, concentrando o foco no domínio efetivo de conhecimentos de valor realmente abrangente e duradouro. O conteúdo absurdamente detalhado e formalista das ciências naturais, da língua portuguesa e das matemáticas, ganha a “contribuição” das ciências humanas que pareciam mais favoráveis a uma educação mais compreensiva.

Randall Collins descreveu preciosamente a inflação educacional. Podemos fazer um paralelo com a inflação de conteúdos escolares. Qual será o próximo passo ou a próxima corporação que tentará impor sua reserva de mercado ao sistema educacional? Psicólogos? Astrônomos? Biofísicos? Geólogos? Juristas? Economistas? Profissionais universitários do Brasil uni-vos? Há boas chances de espetar algumas horinhas nas escolas. Por quê não?

Revista Habitus: Senhor Santo Conterato, os sindicatos dos sociólogos foram atores políticos fundamentais para o reconhecimento da relevância do tema na agenda política governamental ou não? De quem partiu essa demanda?

Santo Conterato: Na reta decisiva para a decretação da obrigatoriedade da Sociologia em todas as escolas de ensino médio do país os sindicatos dos sociólogos, sem dúvida, foram os atores fundamentais. No entanto, não teríamos chegado a essa etapa da luta sem a participação, na origem do movimento, de grupos organizados da sociedade, de departamentos universitários, dos estudantes de ciências sociais e do ensino médio. Inúmeros movimentos locais em várias regiões do país foram o gérmen que deu seiva à luta pela inclusão da sociologia no ensino médio nacional. A título de ilustração, sirva-nos de exemplo o movimento aqui em nosso estado. Entre outros, um abaixo-assinado encaminhado à “Coordenadora Setorial da Coordenação de Ensino do 2º Grau” de Nova Friburgo, em 1º de outubro de 1985: “Encaminhamos pedido formulado por Sociólogos e Professores do 2º Grau dos Municípios ligados ao CRE de Nova Friburgo, solicitando a inclusão da SOCIOLOGIA no currículo do 2º Grau”. Atenção à data. E, em 1989, a APSERJ conseguiu recolher mais de 3.000 (três mil) assinaturas em documento enviado à Assembléia Constituinte do Estado do Rio de Janeiro solicitando a inclusão da sociologia em todas as escolas do ensino médio. E o Conselho Estadual de Educação, junto com a Secretaria Estadual de Educação realizaram dois encontros, em 1989, para estudar a possibilidade de inclusão da sociologia na grade curricular. Além da APSERJ, participaram mais quinze grupos, entre universidades, sindicatos de professores e associações de estudantes secundários. Tudo isso está relatado no livro, publicado pela APSERJ, “A Profissão de Sociólogo e Sociologia no Ensino Médio”. Assim, desde 1989, a sociologia consta como disciplina obrigatória nas escolas do Rio de Janeiro.

Movimentos similares aconteceram em vários estados que deram substrato e força para que os sindicatos dos sociólogos conseguissem, junto ao Conselho Nacional de Educação, a decretação da obrigatoriedade da disciplina em todas as escolas de ensino médio do país.

A Revista Habitus agradece aos entrevistados Márcio da Costa e Santo Conterato



Fonte: Revista Habitus – IFCS/UFRJ Vol. 7 - Nº 1 - 2009

Ciência e Política: duas vocações

http://books.google.com/books?id=Uvm6zVyYCYsC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false

domingo, 25 de setembro de 2011

Marx e Educação

Karl Marx

O pensador alemão, um dos mais influentes de todos os tempos, investigou a mecânica do capitalismo e previu que o sistema seria superado pela emancipação dos trabalhadores


Foto: Recentemente, Marx foi eleito o filósofo mais importante da história
Recentemente, Marx foi eleito o filósofo mais importante da história

Frase de Karl Marx:

“A união entre trabalho, instrução intelectual, exercício físico e treino politécnico elevará a classe operária”


Karl Marx nasceu em 1818 em Trier, sul da Alemanha (então Prússia). Seu pai, advogado, e sua mãe descendiam de judeus, mas haviam se convertido ao protestantismo. Estudou direito em Bonn e depois em Berlim, mas se interessou mais por filosofia e história. Na universidade, aproximou-se de grupos dedicados à política. Aos 23 anos, quando voltou a Trier, percebeu que não seria bem-vindo nos meios acadêmicos e passou a viver da venda de artigos. Em 1843, casou-se com a namorada de infância, Jenny von Westphalen. O casal se mudou para Paris, onde Marx aderiu à militância comunista, atraindo a atenção de Friedrich Engels, depois amigo e parceiro.
Foi expulso de Paris em 1845, indo morar na Bélgica, de onde também seria deportado. Nos anos seguintes, se engajou cada vez mais na organização da política operária, o que despertou a ira de governos e da imprensa. A Justiça alemã o acusou de delito de imprensa e incitação à rebelião armada, mas ele foi absolvido nos dois casos. Expulso da Prússia e novamente da França, Marx se estabeleceu em Londres em 1849, onde viveu na miséria durante 15 anos, ajudado, quando possível, por Engels. Dois de seus quatro filhos morreram no período. O isolamento político terminou em 1864, com a fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (depois conhecida como Primeira Internacional Socialista), que o adotou como líder intelectual, após a derrota do anarquista Mikhail Bakunin. Em 1871, a eclosão da Comuna de Paris o tornou conhecido internacionalmente. Na última década de vida, sua militância tornou-se mais crítica e indireta. Marx morreu em 1883, em Londres.

Numa de suas frases mais famosas, escrita em 1845, o pensador alemão Karl Marx (1818-1883) dizia que, até então, os filósofos haviam interpretado o mundo de várias maneiras. “Cabe agora transformá-lo”, concluía. Coerentemente com essa idéia, durante sua vida combinou o estudo das ciências humanas com a militância revolucionária, criando um dos sistemas de idéias mais influentes da história. Direta ou indiretamente, a obra do filósofo alemão originou várias vertentes pedagógicas comprometidas com a mudança da sociedade. “A educação, para Marx, participa do processo de transformação das condições sociais, mas, ao mesmo tempo, é condicionada pelo processo”, diz Leandro Konder, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

No século 20, o pensamento de Marx foi submetido a numerosas interpretações, agrupadas sob a classificação de “marxismo”. Algumas sustentaram regimes políticos duradouros, como o comunismo soviético (1917-1991) e o chinês (em vigor desde 1949). Muitos governos comunistas entraram em colapso, por oposição popular nas décadas de 1980 e 1990. Em recente pesquisa da rádio BBC, que mobilizou grande parte da imprensa inglesa, Marx foi eleito o filósofo mais importante de todos os tempos.

Luta de classes

Na base do pensamento de Marx está a idéia de que tudo se encontra em constante processo de mudança. O motor da mudança são os conflitos resultantes das contradições de uma mesma realidade. Para Marx, o conflito que explica a história é a luta de classes. Segundo o filósofo, as sociedades se estruturam de modo a promover os interesses da classe economicamente dominante. No capitalismo, a classe dominante é a burguesia; e aquela que vende sua força de trabalho e recebe apenas parte do valor que produz é o proletariado.

O marxismo prevê que o proletariado se libertará dos vínculos com as forças opressoras e, assim, dará origem a uma nova sociedade. Segundo Marx, o conflito de classes já havia sido responsável pelo surgimento do capitalismo, cujas raízes estariam nas contradições internas do feudalismo medieval. Em ambos os regimes (feudalismo e capitalismo), as forças econômicas tiveram papel central. “O moinho de vento nos dá uma sociedade com senhor feudal; o motor a vapor, uma sociedade com o capitalista industrial”, escreveu Marx.

A obra de Marx reúne uma grande variedade de textos: reflexões curtas sobre questões políticas imediatas, estudos históricos, escritos militantes – como O Manifesto Comunista, parceria com Friedrich Engels – e trabalhos de grande fôlego, como sua obra-prima, O Capital, que só teve o primeiro de quatro volumes lançado antes de sua morte. A complexidade da obra de Marx, com suas constantes autocríticas e correções de rota, é responsável, em parte, pela variedade de interpretações feitas por seus seguidores.


Trabalho e alienação

Em O Capital, Marx realiza uma investigação profunda sobre o modo de produção capitalista e as condições de superá-lo, rumo a uma sociedade sem classes e na qual a propriedade privada seja extinta. Para Marx, as estruturas sociais e a própria organização do Estado estão diretamente ligadas ao funcionamento do capitalismo. Por isso, para o pensador, a idéia de revolução deve implicar mudanças radicais e globais, que rompam com todos os instrumentos de dominação da burguesia.

Marx abordou as relações capitalistas como fenômeno histórico, mutável e contraditório, trazendo em si impulsos de ruptura. Um desses impulsos resulta do processo de alienação a que o trabalhador é submetido, segundo o pensador. Por causa da divisão do trabalho – característica do industrialismo, em que cabe a cada um apenas uma pequena etapa da produção –, o empregado se aliena do processo total.

Além disso, o retorno da produção de cada homem é uma quantia de dinheiro, que, por sua vez, será trocada por produtos. O comércio seria uma engrenagem de trocas em que tudo – do trabalho ao dinheiro, das máquinas ao salário – tem valor de mercadoria, multiplicando o aspecto alienante.

Por outro lado, esse processo se dá à custa da concentração da propriedade por aqueles que empregam a mão-de-obra em troca de salário. As necessidades dos trabalhadores os levarão a buscar produtos fora de seu alcance. Isso os pressiona a querer romper com a própria alienação.

Um dos objetivos da revolução prevista por Marx é recuperar em todos os homens o pleno desenvolvimento intelectual, físico e técnico. É nesse sentido que a educação ganha ênfase no pensamento marxista. “A superação da alienação e da expropriação intelectual já está sendo feita, segundo Marx”, diz Leandro Konder. “O processo atual se aceleraria com a revolução proletária para alcançar, afinal, as metas maiores na sociedade comunista.”

Aprendizagem para a mente, o corpo e as mãos

Combater a alienação e a desumanização era, para Marx, a função social da educação. Para isso seria necessário aprender competências que são indispensáveis para a compreensão do mundo físico e social. O filósofo alertava para o risco de a escola ensinar conteúdos sujeitos a interpretações “de partido ou de classe”. Ele valorizava a gratuidade da educação, mas não o atrelamento a políticas de Estado – o que equivaleria a subordinar o ensino à religião. Marx via na instrução das fábricas, criada pelo capitalismo, qualidades a ser aproveitadas para um ensino transformador – principalmente o rigor com que encarava o aprendizado para o trabalho. O mais importante, no entanto, seria ir contra a tendência
“profissionalizante”, que levava as escolas industriais a ensinar apenas o estritamente necessário para o exercício de determinada função. Marx entendia que a educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual, física e técnica. Essa concepção, chamada de “onilateral” (múltipla), difere da visão de educação “integral” porque esta tem uma conotação moral e afetiva que, para Marx, não deveria ser trabalhada pela escola, mas por “outros adultos”. O filósofo não chegou a fazer uma análise profunda da educação com base na teoria que ajudou a criar. Isso ficou para seguidores como o italiano Antonio Gramsci (1891-1937), o ucraniano Anton Makarenko (1888-1939) e a russa Nadia Krupskaia (1869-1939).

Para pensar

A alienação de que fala Marx é conseqüência do afastamento entre os interesses do trabalhador e aquilo que ele produz. De modo mais amplo, trata-se também do abismo entre o que se aprende apenas para cumprir uma função no sistema de produção e uma formação que realmente ajude o ser humano a exercer suas potencialidades. Você já pensou se a educação, como é praticada a seu redor, procura dar condições ao aluno para que se desenvolva por inteiro ou se responde apenas a objetivos limitados pelas circunstâncias?

Educação e Capital

A Produtividade Da Escola Improdutiva
(Gaudencio Frigotto)


Prof. Dr. Gaudêncio Frigotto

Prof. Dr. Gaudêncio Frigotto


Denso e profundo, mas de leitura quase que obrigatória para educadores e todos aqueles que gravitam em torno do assunto educação, o livro de Gaudêncio Frigotto explora, passo a passo, as razões que levaram o exercício atual da educação a alcançar os patamares hoje vivenciados nas escolas, onde, aparentemente, a chamada economia da educação assume caráter de maior destaque, deixando a formação enquanto essência principal, em um segundo plano.

Para embasar seus argumentos, Frigotto retoma os princípios básicos da Teoria do Capital Humano que, embora duramente criticada, sempre retorna ao centro das discussões, como justificativa utilizada por aqueles que defendem uma relação direta entre o aumento da qualificação profissional e diminuição da pobreza.

Na obra em análise, entretanto, Gaudêncio Frigotto, defende argumentos que mostram que esta pobreza existente na sociedade não pode ser meramente atribuída à falta do mérito individual de cada cidadão, que não lhe permite evoluir no âmbito escolar, ou até mesmo, a ele ter acesso. Com interessantes reflexões e exemplos, o autor revela que se realmente houvesse por parte da elite, efetivo interesse em modificar o quadro de exclusão social vigente, deveria ela pautar seu discurso pela defesa de reformas sociais que objetivassem garantir aos setores mais pobres da população o acesso aos bens. E não simplesmente creditar tudo isso a ausência da educação.

Para Frigotto, a visão tecnicista da educação responde exatamente à ótica economicista do ensino, veiculada com pompa pela Teoria do Capital Humano, constituindo-se numa das principais e mais ferozes formas de desqualificação do processo educativo escolar.

Isso fica evidente quando analisada a economia global, que exige uma sociedade baseada no mundo das informações, indicando claramente que o principal recurso de crescimento individual e social é o domínio de conhecimentos.

Ora, com este enfoque, o desenvolvimento humano passa então a se tornar um importante diferencial competitivo, que segundo Frigotto, mostra de forma deliberada que a elite intelectual e, sobretudo, a econômica, deseja na verdade um trabalhador com uma nova qualificação e que contribua efetivamente para tornar as estruturas competitivas.

Entretanto, é notório que o modo como o trabalhador se apropria das informações, constrói seus conhecimentos e os aplica em suas atividades, é decorrência direta do nível em que se encontra seu grau de escolaridade. Assim, ao mesmo tempo em que grande parte da sociedade já percebeu a importância deste aspecto e o obstáculo que representa para um desenvolvimento global, outra parte significativa desta mesma sociedade discorda destes argumentos, usando como base as condições econômico-sociais existentes na atualidade.

Convencido de que tal debate é necessário, Frigotto, a seu tempo, procura superar essa discussão, construindo uma relação acerca do tema ? que embora se mostre, às vezes, contraditória, é outra tantas, convergente ? mostrando que é possível, sim, reunir educação e processo produtivo, vinculando-os de forma a valorizar o papel da escola.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

As regras do método sociológico - Émile Durkheim

Livro "Educação e Sociologia" - Durkheim



«A educação, bem longe de ter o indivíduo e os seus interesses como único e principal objectivo, é, antes de mais, o meio pelo qual a sociedade renova continuamente as condições da sua própria existência. A sociedade só pode viver se entre os seus membros existir suficiente homogeneidade. A educação perpetua e reforça tal homogeneidade, começando por fixar no espírito da criança as semelhanças essenciais que a vida colectiva requer.» Fonte: "http://www.almedina.com.br/catalog/product_info.php?products_id=3750"


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